Rentabilidade
ou Volatilidade?
Rio de janeiro, em
30 de julho de 2005
Por SER-
“Todo investidor deve querer lucrar com as variações
de nível do mercado, tanto pela valorização de seus papéis com o passar do
tempo, como pela compra e venda a preços vantajosos. Logo, preocupar-se com o
que acontece no mercado é legítimo e inevitável”.
Benjamin Graham – The Intelligent Investor
Sim, todos acabam
se preocupando com o que acontece no mercado de uma forma ou de outra. O
problema não é se preocupar, mas deixar com que as preocupações nos façam
perder a cabeça e agir justamente da pior maneira possível. Benjamin Graham, o decano do value investing, em seu livro “The Intelligent Investor” escreveu um texto que vem sendo
considerado por Warren Buffett como um dos
mais importantes sobre investimento e que ele sugere que todos nós deveríamos
ler anualmente.
Consideramos que para
investir bem é necessário conhecer o preço a pagar,
mantendo sempre uma boa margem de
segurança, conhecer como se comportar frente
as oscilações do mercado e também manter uma boa estratégia
de alocação de Ativos. É exatamente sobre este último tópico que queremos
tratar hoje.
Há alguns dias
publicamos em um fórum fechado um questionário contendo duas perguntas que
podem dar a pista para a solução de um problema que muito aflige aos
investidores.
A primeira era:
- Qual o rendimento anual médio acima da
Inflação que você espera obter na Bolsa de Valores no longo prazo?
A
segunda era:
- Qual a maior queda da bolsa que eu
conseguiria suportar sem me apavorar ou perder as minhas noites de sono?
Antes
de continuar, acho que você deveria responder a essas duas perguntas e anotar
num pedacinho de papel, assim poderemos caminhar lado-a-lado pensando juntos
sobre as respostas. Pronto?
Para a
primeira pergunta, o rendimento médio acima da inflação, obtemos a seguintes
respostas:
|
ü
6%
acham que devem perseguir um resultado 10% acima da inflação; ü
38% acham que conseguem obter um
resultado 20% acima da inflação, o que significaria hoje um prêmio de 6,4% em
cima da RF (atualmente por volta dos 13,6%); ü
21% acham que conseguem 15% acima da
Inflação, o que significaria um prêmio de 1,4% em cima da RF; ü
E 19% de nossos amigos acha que consegue
obter um resultado de 50% acima da Inflação!(o que daria algo em torno de 56%
nominal ao ano!). |
Fig 1- Rendimento
esperado na Bolsa em %
Damodaran no seu livro “The Dark Side of Valuation”
traçou um histórico fabuloso do desempenho das ações na Bolsa Norte-Americana
sobre os instrumentos de Renda Fixa desde 1929 (o chamado “prêmio” do mercado
de ações).
Período |
Ações - T.Bonds |
|
Média
Geométrica |
1926-1997 |
6,1% |
1962-1997 |
5,5% |
1981-1997 |
9,1% |
Tabela 1
– prêmio de risco para o Mercado Norte-Americano
Olhando a Tabela acima podemos dizer que a Bolsa conseguiu uma média de 6%, tendendo a 7%, acima dos instrumentos de renda fixa,
considerando-se uma taxa de juros reais de 4%. Isso resultará em 10% a 11% de
retorno em Bolsa acima da Inflação. Este é um dado descrito explicitamente no
livro de Hupalo. Vejamos isso graficamente.
Figura 2 – Rendimento acumulado do S&P
500 em comparação com o TBond de 30 anos.
Bom os céticos, com toda certeza vão dizer que isso é coisa de Yankee. Vamos
então ver como o Economática registra o retorno da
Bolsa brasileira (Ibovespa) e da Renda Fixa,
corrigidos pela inflação:
Ibovespa
anual |
Selic Anual |
||||
Data |
Fechamento |
Rent |
Data |
Fechamento |
Rent |
1995 |
42.990 |
|
1995 |
197,7394 |
|
1996 |
70.399 |
64% |
1996 |
251,9435 |
27% |
1997 |
10.196 |
-86% |
1997 |
314,3948 |
25% |
1998 |
6.784 |
-33% |
1998 |
404,9311 |
29% |
1999 |
17.091 |
152% |
1999 |
508,5466 |
26% |
2000 |
15.259 |
-11% |
2000 |
596,5782 |
17% |
2001 |
13.577 |
-11% |
2001 |
699,8859 |
17% |
2002 |
11.268 |
-17% |
2002 |
834,074 |
19% |
2003 |
22.236 |
97% |
2003 |
1028,793 |
23% |
2004 |
26.196 |
18% |
2004 |
1195,934 |
16% |
2005 |
24.829 |
-5% |
2005 |
1275,271 |
7% |
Tabela 2
– resultado do ibovespa e Selic
de 1995-2005.
Com os dados acima é possível calcular os retornos para os últimos 10
anos (infelizmente, é só isso que conseguimos com a nossa base de dados). Por incrível
que possa parecer, abaixo registramos o retorno composto do índice Brasileiro,
comparado com a Selic:
Ibovespa |
M
Geométrica |
Selic |
M
Geométrica |
2 anos |
11,7% |
2 anos |
11,3% |
5 anos |
12,9% |
5 anos |
16,2% |
10
anos |
11,8% |
10 anos |
19,7% |
Tabela 3
– Resultado de rendimento da Ibovespa e Selic
Agrupando
a tabela da mesma forma que Damodaran, encontramos:
Período |
IBovespa - Selic |
|
Média
Geométrica |
2003-2005 |
0,4% |
2000-2005 |
-3,3% |
1995-2005 |
-7,9% |
Tabela 4
– prêmio de risco para o Mercado Brasileiro
Note que, em termos de Bolsa de Valores, não existe muita diferença do
que ocorre na terra dos nossos colegas de olhos azuis. Mas existe uma grande
diferença aqui: o resultado obtido pelo Ibovespa
oferece um prêmio de risco muito baixo, ou quase nulo, em relação aos
instrumentos de renda fixa. Em português claro: não tem valido a pena investir
no índice no Brasil. Quando comparamos o resultado da Bolsa com a renda fixa,
levando-se em consideração as taxas estratosféricas de juros reais aqui
praticadas, concluímos que a Selic é um excelente
negócio apresentando muito menos oscilação. Vejamos
como ficariam graficamente essas rentabilidades corrigidas pela inflação:
|
Fig. 3 –
Ibovespa comparado com a Selic ajustados pela Inflação.
Acredito
que este tipo de gráfico não faria muito sucesso entre os administradores de
fundos indexados aqui no Brasil. Será que é por isso que eles nunca apresentam
coisas desse tipo?
Como
podemos ver, a Selic acumulada tem dado um “banho” no
índice Ibovespa acumulado. (Chamo a atenção que o
gráfico é em rentabilidade acumulada na década e não em pontos). Mas, a questão
aqui é: até quando? Não poderemos manter as taxas de juros nos patamares atuais
indefinidamente. Como o resultado acima demonstra claramente, é muito
complicado não manter uma boa parte dos nossos rendimentos em renda fixa. Como
se pode ver, ao aplicar no índice da Bolsa as chances estão contra nós. Ainda
existe um agravante, historicamente pouquíssimas pessoas têm conseguido bater o
índice. Segundo estudos efetuados nos Estados Unidos apenas 20% dos fundos
conseguem bater o ìndice. Mas não se desespere ainda.
No mesmo período, o FGV 100 (índice que mede as 100 ações não financeiras mais
líquidas) rendeu 16% e o IBX 14,3%. Algumas conclusões derivam deste
pensamento.
o
Número
1 – Atenção aos dividendos. Com empresas mantendo um Yeld
acima de 5% em termos reais, fica muito mais fácil
vencer o Ibovespa;
o
Número
2 - Investir no índice, com a atual taxa de juros, é pura perda de tempo
e dinheiro;
o
Número
3 – Para colocarmos o prêmio de risco sobre a Renda Fixa historicamente
demandado pelos Estados Unidos, teríamos que conseguir um retorno de 13,5% + 8% acima da inflação, o que corresponderia a 21,5% acima da
inflação, o que significa mais do que dobrar o capital investido a
cada quatro anos, ou conseguir algo em torno de 30% nominais. Estima-se
que o prêmio atual nos Estados Unidos esteja abaixo do Histórico (algo em torno
de 4,5%), mas aqui podemos manter tranqüilamente os 8%
devido ao Risco Brasil;
o
Número
4 - Embora o índice Ibovespa tenha ficado para
trás, um índice que bem poderia ser chamado de “Televespa”,
devido à alta concentração que possui nas ações de telefonia, o IBX rendeu
14,43% e o FGV 100 -16%, bem melhor que a Selic – o
que nos leva a outra conclusão: “Para ganhar do Mercado invistir
em “Small Caps”, mesmo
que para isso como investidor individual tenha que abrir mão da liquidez tem
sido uma ótima estratégia;”
o
Número
5 - Um bom “stock picking” tem
se mostrado muito importante, enquanto nos últimos 5 anos a Ibovespa
tem gerado uma renda composta de 11,4%, a Petrobrás (PETR4), por exemplo, gerou no mesmo período 17,5% e a
Holding Itaúsa (ITSA4) 30,2% compostos.
o
Número
6 – Alguém poderia, olhando apenas para o gráfico de retorno do Ibovespa, dizer que investir no Brasil na Bolsa depende
apenas do market timing. Se alguém conseguisse entrar
nos anos positivos e depois sair nos negativos teria ganho
muito dinheiro. O problema todo está no “se”. Um dia apenas fora do mercado
pode significar diferenças superiores a 10% para cima ou para baixo. Eu até
hoje não consegui conhecer uma pessoa que conseguisse fazer isso com sucesso.
Eu conheço muita gente que acha que
ganhou dinheiro mais não calculou absolutamente nada (Na verdade, eu duvido até
que saiba ou tenha interesse de calcular). O problema é que com o avanço da
informática e da divulgação dos métodos acaba existindo muita concorrência no
mercado. E você sabe o que se diz sobre não saber quem é o pato da mesa....
Precisaríamos
agora ver como poderíamos mensurar a nossas chances de bater o índice. Vamos
ver o que vem ocorrendo
com os profissionais.
Ø Warren Buffett, o investidor
mais bem sucedido do mundo, conseguiu 22,3%, compostos anualmente por 30 anos;
Ø Peter Lynch 29% por 13 anos;
Ø Benjamim Graham 21% em 20 anos;
Ø Wanger
17,2%;
Ø Sir John Templeton 15%; e
Ø John Neff
13,6%;
No Brasil*:
Ø Fundo Fama Future
Watch 28% Anuais (aprox 10 anos);**
Ø Dynamo Cougar
25% Anuais (aprox 10 anos);**
Ø Dynamo Puma 23,60% Anuais (aprox 6
anos);e
Ø Ibovespa 11,8% (aprox 10 anos).
Ø IBX 14,43%
Ø FGV 100 16%
* Dados não
oficiais estimados a partir das informações disponíveis nas
página dos fundos. **Fundos que seguem filosofia baseada em valor.
Conclusão: A não ser que alguém aqui tenha
pretensão de se tornar o novo “às da Bolsa” é melhor fazer as contas novamente
e descartar qualquer coisa acima de 20% reais aa. O que equivale a quase 30%
nominais nos dias de hoje.
Para aqueles que não conhecem bem
o poder da
composição, e consideram resultados pequenos, veja qual seria o resultado
de uma pessoa que investisse R$10.000 Reais
compostos, já descontada a inflação, as taxas abaixo relacionadas em 10, 20 e
30 anos.
Rentabilidade |
Em 10 anos |
Em 20 anos |
Em 30 anos |
- Apenas por curiosidade, aqueles que tivessem
investido os mesmos R$10.000
na Bekshire Hathaway, a
empresa de Warren Buffett,
teriam recebido, após 36 anos: R$
14.039.526, o que equivaleria a uma renda mensal vitalícia para ele e seus
dependentes, com uma retirada de apenas 0,5% a.m.,
de R$ 70.198,00. Existem
outros caminhos, você pode, por exemplo, começar a ensinar o seu filho a
jogar bola.... |
10% |
R$ 25.937 |
R$ 67.275 |
R$ 174.494 |
|
11% |
R$ 28.394 |
R$ 80.623 |
R$ 228.923 |
|
12% |
R$ 31.058 |
R$ 96.463 |
R$ 299.599 |
|
13% |
R$ 33.946 |
R$ 115.231 |
R$ 391.159 |
|
14% |
R$ 37.072 |
R$ 137.435 |
R$ 509.502 |
|
15% |
R$ 40.456 |
R$ 163.665 |
R$ 662.118 |
|
16% |
R$ 44.114 |
R$ 194.608 |
R$ 858.499 |
|
17% |
R$ 48.068 |
R$ 231.056 |
R$ 1.110.647 |
|
18% |
R$ 52.338 |
R$ 273.930 |
R$ 1.433.706 |
|
19% |
R$ 56.947 |
R$ 324.294 |
R$ 1.846.753 |
|
20% |
R$ 61.917 |
R$ 383.376 |
R$ 2.373.763 |
|
21% |
R$ 67.275 |
R$ 452.593 |
R$ 3.044.816 |
|
22% |
R$ 73.046 |
R$ 533.576 |
R$ 3.897.579 |
|
23% |
R$ 79.259 |
R$ 628.206 |
R$ 4.979.129 |
|
24% |
R$ 85.944 |
R$ 738.641 |
R$ 6.348.199 |
|
25% |
R$ 93.132 |
R$ 867.362 |
R$ 8.077.936 |
|
26% |
R$ 100.857 |
R$ 1.017.211 |
R$ 10.259.267 |
|
27% |
R$ 109.153 |
R$ 1.191.446 |
R$ 13.005.038 |
Tabela 5
- Rentabilidades esperadas de um investimento em 10, 20 e 30 anos.
Talvez,
depois de tanta “lenga-lenga” você queira aprender
como se calcula corretamente o retorno de seus investimentos. Traduzimos um artigo
do site fool.com
em que é ensinado o método da TIRDT
(Taxa Interna de Retorno Descontada no Tempo), passo a passo.
Agora,
finalmente, está na hora de você abrir aquele papel aonde anotou suas respostas
no início da leitura.
Qual a
taxa de retorno você espera obter em cima da Inflação anualmente? Seria 11%? (O
Ibovespa?) 15% (O IBX?), ou será uma taxa maior
ainda? Será que suas perspectivas estão coerentes com aquilo que se pode
esperar do mercado ou são insustentáveis? Cuidado com as expectativas muito
altas, se não você vai acabar sem ter aonde investir. Warren
Buffett emprega como taxa de desconto para os fluxos
de caixa futuros a taxa do Tesouro Americano (T-bond)
de 30 anos. Como citamos anteriormente, a Selic
rendeu nessa última década uma média geométrica de 19%, que para bater, só
mesmo sendo Warren. Mas, diminuído o tempo para dois
anos, chegamos a uma taxa um pouco menor, de 11%.
Expectativas para a Taxa de desconto
Mais
tarde, em sua reunião de 1988 o mesmo Warren Buffett diz que não descontaria os fluxos de caixa futuros
esperados em suas avaliações a 4,5% porquê não seriam uma bom
benchmark para o Tesouro Americano no longo
prazo. Richard Rockwood, autor do livro The Focus Investor
e webmaster do site focusinvestor.com vem com uma proposta
muito interessante. Ele diz que você não vai querer investir em alguma coisa
que venha reduzir a rentabilidade média da sua carteira, então o seu retorno
passado, ou a sua perspectiva de retorno futuro devem ser empregados para
balizar a sua taxa de desconto. Então, ao escolhermos uma taxa para
descontarmos os dividendos, deveríamos levar em conta a Selic
(ou outra taxa como proxy
de um investimento livre de risco) e a nossa perspectiva de retorno. Brilhante
(e faz o maior sentido). Veja bem, Warren jamais iria
empregar os 22,3% compostos de seu rendimento como taxa de desconto, mas também não vai empregar os 4,5% da taxa de
juros americana! Ele cita que uma boa expectativa para a taxa de rentabilidade
futura seja de 15% (embora tenha batido esse Benchmark
com folga).
Vamos
agora visualizar as respostas sobre a nossa segunda pergunta: - Qual a maior queda da bolsa que eu
conseguiria suportar sem me apavorar ou perder as minhas noites de sono?
Fig 4-
Maior queda na Bolsa que conseguiria suportar. |
ü 6% parariam de dormir com uma queda superior a
15%; ü 10%
com uma queda superior a 20% ü 12%
com uma queda superior a 30%; ü 7% com uma queda de 40%; ü 41%
com uma queda de 50%; e ü 24%
corajosos com 70%. |
Antes de qualquer
consideração, uma citação do mestre Benjamin Graham
em seu livro “The intelligent
Investor”: “O investidor que colocar seus recursos em
títulos de boa qualidade de curto prazo, digamos com prazo de vencimento
inferiores a sete anos, normalmente não precisará se
preocupar com as oscilações do Mercado. Já as ações e os títulos de longo prazo
sofrerão certamente flutuações com o passar dos anos. “
Realmente, não
vemos nada diferente no mercado brasileiro, vamos ver o que aconteceu com a
rentabilidade do nosso Mercado (Ibovespa) nos últimos
10 anos, mensalmente, corrigidos pela inflação:
Fig 5-
Oscilação da Bolsa e Selic Ajustada pela Inflação.
Picos de euforia
de mais de 18% em um único mês e de menos 42%, corrigidos pela Inflação. Uau! Se tivemos alguma coisa volátil nesse país nos últimos dez
anos, ela foi a Bolsa. Os resultados anuais corrigidos pela Bolsa não mostram
uma situação melhor.
Data |
Fechamento |
Rendimento |
1995 |
86.432 |
|
1996 |
127.199 |
47,2% |
1997 |
17.508 |
-86,2% |
1998 |
11.459 |
-34,5% |
1999 |
26.500 |
131,3% |
2000 |
22.326 |
-15,8% |
2001 |
18.449 |
-17,4% |
2002 |
13.607 |
-26,2% |
2003 |
24.566 |
80,5% |
2004 |
26.897 |
9,5% |
2005 |
24.829 |
-7,7% |
Tabela 6 - Rentabilidades anuais do
Ibovespa de 1995 a 2005, corrigidos pela inflação.
“O investidor
deve estar consciente destas possibilidades preparando-se, da melhor maneira
possível, tanto financeira como psicologicamente, para elas”, diz
ainda Graham. Mas cada um tem seu limite. Talvez,
você esteja muito investido na Bolsa, ou quem sabe, muito pouco. Para evitar a
oscilação da carteira mantendo-se sempre investido só existe uma forma (é
claro, evitando-se a estratégia de opções, mas isso é um outro assunto):
introduzir ativos de Renda Fixa na carteira. Para visualizarmos o efeito que a
colocação de renda fixa na carteira teria na redução da volatilidade, através
de uma estratégia
de asset allocation de
pesos constante, traçamos diversos gráficos com as proporções variando de
10 em 10%.
Fig 6-
diminuição na volatilidade anual obtida na carteira alterando o “asset allocation”.
A Linha em
vermelho seria o resultado de um investidor investido 100% no Ibovespa na última década. A linha azul representa a
oscilação de uma carteira 100% investido na Selic. As
linhas pontilhadas representam alocações intermediárias conforme descrito na
legenda. Como prometemos, vamos tentar resolver o problema do investidor com as
duas perguntas.
Caso a Bolsa se
comportar da mesma forma nos próximos anos, o que é realmente uma coisa difícil
de prever, mais fácil de supor, aconselhamos a seguinte “asset
allocation” para os investidores de acordo com a
queda de rendimento na Bolsa que conseguem suportar, baseados nos resultados da
última década:
Queda máxima |
Renda Fixa |
Renda variável |
-10% |
75% |
25% |
-15% |
70% |
30% |
-20% |
60% |
40% |
-30% |
54% |
46% |
-34% |
50% |
50% |
-40% |
40% |
60% |
-50% |
45% |
55% |
-70% |
15% |
85% |
Tabela 7 – Encontre a sua alocação de ativos ideal,
para um nível máximo aceitável de queda de valor na Carteira.
Mas é claro que
não existe “almoço grátis”. Voltando a nossa primeira pergunta, vamos supor que
o investidor tenha lançado mão de uma carteira composta de 50% Petrobrás e 50% Itaúsa. Esta carteira conseguiu um rendimento médio de 23%
aa nos últimos cinco anos. Veja o que acontece com o rendimento acumulado da
carteira com a adição da renda fixa.
.
Fig 7-
Resultado obtido na carteira alterando o “asset allocation”.
Qual o rendimento
que você deseja obter em toda a sua carteira?. Criamos
uma tabela que vai desde o rendimento de 23% até o rendimento de 10%
Rent |
% RF |
% RV |
23,0% |
0% |
100% |
22,0% |
10% |
90% |
21,0% |
20% |
80% |
19,5% |
30% |
70% |
18,0% |
40% |
60% |
16,5% |
50% |
50% |
15,0% |
60% |
40% |
13,5% |
70% |
30% |
11,5% |
80% |
20% |
10,5% |
90% |
10% |
10,0% |
100% |
0% |
Tabela 8 – Nível necessário de investimento
em renda fixa e variável
para se obter
determinado rendimento, composta por uma carteira de ações que renda 23% aa.
Nas duas tabelas
anteriores ressaltamos em azul a faixa que julgamos prudente para o investidor
transitar, de acordo com suas expectativas de retorno e de aversão ao risco. É
sempre bom lembrar que, para a grande maioria das pessoas, uma taxa de
exposição de 50% é mais do que suficiente.
Palavras Finais:
Esperamos ter
fornecido para o investidor individual aqui uma boa idéia daquilo que ele pode
esperar do mercado. Deixamos de lado a covariância e a teoria das carteiras de Markowitz, para explicar de uma forma bem simples e
informal o que costuma ser chamado de binômio risco-retorno.
Como não poderia
deixar de ser, a melhor asset allocation
para você, “depende”. Depende da sua aversão ao risco, do conhecimento de onde
se está investindo, da sua perspectiva de prazo de investimento e,
principalmente, de sua necessidade de noites bem dormidas. Mantenha suas
expectativas sobre controle e dentro da realidade. Conheça bem as empresas
aonde deseja investir e, principalmente, conheça a si mesmo. Pois assim as suas
chances de obter um resultado melhor que o mercado aumentarão.
SER-