Fonte: http://www.wallstraits.com/main/pf_article.asp?id=1155
Tradução
e adaptação de SER-
|
John Neff
foi encarregado do Fundo Windsor por 31 anos, quando
bateu o mercado em 25 desses 31 anos. Ele assumiu o fundo em 1964, e se
aposentou em 1995. O Windsor era o fundo com maior
patrimônio nos Estados Unidos quando fechou suas portas para novas aplicações
em 1985. Cada dólar investido em 1964 transformou-se em $56 em 1995, contra $22
se tivessem sido investidos no S&P 500. O retorno
total conseguido pelo Fundo Windsor foi de 5.547%,
mais que o dobro do S&P 500 no mesmo período.
Nesse artigo ao invés de nos concentrarmos no tipo de ações que Neff compraria, vamos nos focar naquilo que ele evita, a
maioria relacionada com mercados de alta.
1. Altos
Custos de transação
Poucos
fundos mútuos podem dizer que tiveram custos tão baixos como os do Windsor -- meros 0,35% ao ano. O giro de carteira foi
mantido a níveis extremamente baixos. Isso foi ampliado aos custos operacionais
em atividades como busca de informações e análises. Uma das regras básicas de Neff era: Mantenhas as coisas simples. Os elementos mais importantes
para se determinar o valor de uma ação podem ser compreendidos sem a
necessidade de artefatos sofisticados nem o emprego de muitas pessoas. Mantendo
um papel no médio prazo e prorrogando lucros de curto-prazo ele conseguia
reduzir os custos das transações e impostos.
2. Diversificação Excessiva
Todos
nós concordamos que “alguma” diversificação é necessária, mas se exagerarmos podemos comer todo resultado do investimento.
Neff diz: 'Por quê manter companhias que o mercado já
tenha reconhecido o valor completamente se você pode conseguir um lucro excepcional
vendendo-as? De uma forma genérica ele ignora o peso do mercado e faz compras
em áreas que estão evidentemente subavaliadas. Alguns
setores podem ficar ausentes da carteira, enquanto outros podem ficar
excessivamente representados (de acordo com a lógica convencional).
Normalmente, a grande maioria do S&P 500 não
estava presente ao mesmo tempo na carteira da Windsor.
Geralmente, apenas quatro ou cinco dessas ações mais conhecidas passavam por
seus critérios para inclusão. Quando seu fundo estava avaliado em US$11 bilhões
continha apenas 60 ações. E mais ainda, as 10 maiores posições correspondiam a cerca de 40% do fundo. O Windsor
normalmente possuía de 8 a 9% do total das ações de
suas melhores companhias. 'Jogando com segurança, você pode criar uma carteira
tão simples que ficar até difícil se ferrar. É possível se diversificar dentro
da mediocridade, dizia ele.
3. Ações de Tecnologia
Eram
evitadas normalmente por três motivos: (1) eram muito arriscadas; (2) Não
passavam no teste do Retorno Total empregado por Neff
(crescimento + dividendos) em relação ao P/L; (3) Neff
admite que não possui qualquer 'Vantagem em discernimento' em relação as outras pessoas do Mercado (A lição do Círculo de
Competência de Buffett). Neff
acredita que é essencial ter algumas vantagens em termos analíticos e de fontes
de informações.
4. Esquecer as lições do Passado.
A
memória dos participantes do Mercado é impressionantemente curta. Os Mercados
são fadados a serem enganados, e condenados a repetir catástrofes por
esquecerem-se do passado. Um noção da história é
essencial para termos uma boa perspectiva. Neff
escreveu em 1999, que os especuladores de 1998 e 1999 eram aqueles que restaram
de uma longa fila de amnésicos. No final de 1990 qualquer coisa que terminasse
com “.com” criava uma grande excitação. Em 1950 as
empresas colocavam 'tronics' no final do nome para
atrair atenção e mandar seus preços para o espaço. Na década de 60, foi a época
das ações à go-go. No final dos 60 e início de 70 houveram
aquelas ações que foram chamadas de Nifty Fifty, só isso era motivo suficiente para ver seus preços
voarem. Na década de 80 foram as companhias de óleo que estiveram em voga.
Antes dessas bolhas houveram as ações da nova era da
década de 20, e assim por diante.
Cada
geração acredita que existem algumas poucas companhias mágicas que possuem
capacidade ilimitada de crescimento e que todas as regras econômicas foram
rescritas sendo necessário embarcar rápido antes que fosse tarde demais. A
febre da década de 90 era mais perigosa que as anteriores, porquê era composta
por companhias que não tinham mostrado ainda qualquer lucro. Não poderiam ser
chamadas de companhias de crescimento no sentido convencional do termo. Os
especuladores se precipitaram ao classificarem essas companhias como de
crescimento porquê não apresentavam boas projeções a não ser que você fizesse
assunções perigosas sobre a entrada da concorrência no mercado, sobre aspectos
relacionados a evolução da tecnologia, da ganância dos consumidores em aderirem
a novas tecnologia ao invés de continuar fazendo as coisas à moda antiga. “A
vantagem crítica da Windsor não era nada mais do que lembra-se das coisas do passado e inferir como elas
tenderiam a se repetir no futuro”, dizia Neff.
5.Ser levado pela euforia do Mercado de Alta
Os
Mercados se processam em ciclos através dos tempos. Existem ocasiões em que os
investidores são avessos ao risco. Existem ocasiões em que a ênfase está na qualidade.
Depois, de acordo com o crescimento da confiança, os investidores procuram por
papéis mais especulativos. Após um período de crescimento, os especuladores
caem uns sobre os outros no frenesi da compra quando os mercados seguem muito
acima dos seus fundamentos. 'A capacidade dos investidores de acreditar numa
coisa boa demais para ser verdade parece, por muitas vezes, inesgotável' diz Neff. Quando a crença se espalha, pessoas com pouquíssima
familiaridade com ações são varridas pela música da sabedoria popular da moda.
As pessoas se sentem compelidas para “a linha que se move mais rápido” e tentam
procurar atalhos no caminho para a riqueza. O alarme dos pensamentos positivos sobre
o futuro dispara e ultrapassa a esfera do argumento racional, baseado na
avaliação fundamentalista de ações. Traders compram e
vendem baseados em dicas e em conhecimento superficial. O sonho de se conseguir
fortuna da noite para o dia cegam o investimento lógico baseado em informações
racionais e pensamentos calmos e reflexivos.
As
pessoas passam a acreditar que existe ouro suficiente para todos na mesma
trilha que os primeiros aventureiros já passaram. A maioria desses seguidores
volta para casa com as mãos vazias e com expectativas individuais frustradas,
como se tomassem um tapa de realidade na cara. Isso acaba caindo sobre as
massas que já tiveram seu dinheiro tomado por alguns players, quando descobrem,
por fim, que as coisas aconteceram rápido demais. Começa o pânico em grupo,
quando todos querem sair ao mesmo tempo. Adivinhar quando esses pontos de
inflexão irão ocorrer é impossível, logo o melhor conselho é manter-se afastado
de mercados que perderam sua relação com fundamentos. Não tente jogar o jogo do
mais tolo - O maior tolo de todos pode acabar sendo você.
6. O jogo técnico ou do Momentum
Neff
considera mau conselho tentar prever os movimentos do
mercado. Sua tática: tente ficar atrás da bola ao invés de antecipar o clímax
do Mercado seis a dezoito meses na frente das massas. A conseqüência de uma
abordagem técnica que tenta prever topos e fundos em gráficos é normalmente
perdedora. Ela assume que por onde uma ação passou indica o lugar para onde ela
está indo.
7. Ações de Crescimento com altos
P/L
O
problema com ações que apresentam altas taxas de crescimento é que seu
potencial é fácil de ser reconhecido. Em muitas ocasiões, ações que tem atraído
as atenções do mercado têm seu preço jogado para valores fora da realidade
quando os investidores se empolgam. Isso foi bem claro na mania de negócios da
Internet, no final dos anos 90. Uma combinação de super excitação, pequeno free-float e a obrigação de fundos atrelados ao índice de
comprar ações com alta capitalização jogaram seus preços para níveis ridículos,
principalmente naqueles modelos não testados ainda, sem nenhum lucro e sem
tempo suficiente para analisar-se a possibilidade de entrada de concorrentes,
competição e a introdução de produtos substitutos.
Até
mesmo companhias bem estabelecidas de crescimento como a General Electric, Gillette, Coca-Cola e Procter and Gamble
podiam ser investimentos pobres. Sim, elas eram boas companhias com excelente
performance financeira baseado em posições competitivas fortes e com boa
administração. Sim, seu negócio era em larga escala, excelentes e globais. Sim,
elas eram seguras, para não dizer inevitáveis, e ainda estarão por aí daqui a
20 anos. Mas não produzirão bons retornos para o acionista se forem compradas
no momento que todo mundo souber que são excelentes companhias e o preço está
alto o suficiente para refletir esse conhecimento generalizado. Com a menor
queda do crescimento ou nas perspectivas de crescimento para essas companhias
farão com que seus preços desabem no momento que a massa se sentir enganada. A
lição é que, mesmo as grandes companhias, têm um teto de preço. Neff diz, 'Você não pode aumentar o preço eternamente.
Eventualmente, até mesmo as melhores ações acabam sem gasolina.' Acreditar que
a Coca-Cola é compra, com um P/L de 55x, porquê ela
pode chegar a 70x é jogar contra as probabilidades. Os investidores em valor sempre colocam as probabilidades a seu favor.
8. Seja um contrário simples
Neff
é um indivíduo que faz a sua própria cabeça sobre uma determinada situação ou
ação. Sua tendência de argumentar até com poste foi extremamente válida quando
se tratou de ir contra as fantasias e caprichos do Mercado. E mais ainda, ele
nunca foi obstinado, egocêntrico ou contra as pessoas que se opuseram a ele.
Ele não assume que o Mercado está sempre errado. Ele está preparado para ouvir
as opiniões de outras pessoas, e não assume uma posição contrária
automaticamente.
Neff
diz, 'Não se satisfaça pelo simples prazer de ser diferente.’ Existe uma linha
muito tênue entre ser um contrário, ou ser apenas ‘do contra’. Eu aproveito
oportunidades para comprar ações, mas também concordo que em determinados
momentos o Mercado está certo. Mas, quase sempre, você tem que estar certo
sobre os fundamentos para ser recompensado. ... Ser do contra e cabeça dura são
receitas para a desgraça. Os bons contrários mantém suas mentes abertas com
conhecimento da história e senso de humor. ‘Quase nada no campo de
investimentos pode ir muito longe, incluindo aí a estratégia contrária.’
Crédito: Esse artigo foi modificado em cima de um resumo
sobre o estilo de investimento de Neff efetuado por Glen Arnold em Valuegrowth
Investing em 2002.